Allan Kardec, inventor do espiritismo, a vida depois da morte

Allan Kardec: o pedagogo e o espírita

Allan Kardec nem sempre foi Allan Kardec. Nascido em Lyon em 1804, o seu verdadeiro nome era Hippolyte Léon Denizard Rivail. Por volta dos dez anos, tornou-se pensionista na Suíça, no Château d'Yverdon, num instituto criado pelo pedagogo Johann Heinrich Pestalozzi.

Johann Heinrich Pestalozzi

Nota*: Desconto válido unicamente na primeira consulta na Wengo com os/as Especialistas que fazem parte da promoção.
**Serviço de Apoio ao Cliente, disponível de segunda a sexta-feira das 08h00 às 21h00; de sábado a domingo das 11h00 às 21h00 (horário de Portugal Continental).

Pestalozzi, mentor e inspirador

No seu instituto suíço, Johann Heinrich Pestalozzi educava os alunos segundo os princípios de Rousseau e do seu livro Emílio ou da Educação. Esta educação era essencialmente prática, próxima da natureza (o mundo natural) e tinha como objetivo desenvolver a capacidade de fazer coisas por si próprio, com ênfase nas experiências sensoriais e intuitivas.

A influência de Pestalozzi sobre o futuro Allan Kardec foi tão grande que, como pedagogo, ele próprio levou estas ideias para França, e alguns dos princípios desta pedagogia encontravam-se também na sua doutrina espiritualista.

Da pedagogia às mesas girantes

Na década de 1820, Hippolyte Léon Rivail abriu uma escola em Paris baseada nos métodos de ensino de Pestalozzi. Escreveu várias obras pedagógicas e casou com uma professora que trabalhava com ele, mas logo depois a escola teve de fechar por razões financeiras. Para ganhar a vida, Hippolyte Léon Rivail traduzia livros didáticos, mas continuava a dar aulas gratuitamente.

Como pedagogo, Hippolyte Léon Rivail foi convidado a supervisionar sessões de mesas girantes e falantes. Foi a pedido do magnetizador Fortier que assistiu pela primeira vez a esta prática, originária dos Estados Unidos.

Hippolyte Léon Rivail tornou-se Allan Kardec e comunicava com os espíritos

A prática das mesas girantes, ou table moving, teve origem no Estado de Nova Iorque e desenvolveu-se nos Estados Unidos no início da década de 1850, antes de chegar à Europa em 1853. Foi nessa altura que Rivail descobriu as sessões de mesas girantes e falantes, tendo participado em várias. Parece, no entanto, que a prática não o convenceu e considerou-a obsoleta. No entanto, frequentava regularmente as irmãs Baudin que comunicavam com os espíritos através da escrita automática.

Gradualmente, Rivail fez perguntas, tomou notas e redigiu resumos que publicou. Esta publicação, O Livro dos Espíritos, saiu em 1857 sob o pseudónimo de Allan Kardec. Foi através dessa obra que definiu a filosofia que chamou de Espiritismo. O objetivo de Allan Kardec era demonstrar cientificamente a realidade deste fenómeno. Baseava-se na teoria da reencarnação. O termo Espiritismo foi inventado por Allan Kardec. É inspirado na palavra inglesa spiritism.

O sucesso do Livro dos Espíritos

O Livro dos Espíritos foi um verdadeiro sucesso que levou Kardec a continuar nesta área. Esta obra marcou o nascimento do espiritismo. Em 1858 lançou a Revista Espírita e depois seguiram-se inúmeras outras obras sobre este assunto: O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo (em que fez a ligação entre a doutrina espírita e o cristianismo), O Céu e o Inferno e A Génese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo. Estes livros são cinco obras fundamentais do espiritismo que, ainda hoje constituem a referência doutrinal do Conselho Espírita Internacional.

Como Allan Kardec não era médium, considerava-se como um codificador, razão pela qual escreveu várias obras sobre o espiritismo e emprestou a sua pena aos espíritos com quem se comunicava.

A difusão do espiritismo

O espiritismo desenvolve-se rapidamente e atrai cada vez mais adeptos. Contudo, para evitar a desordem, Allan Kardec percorreu o país para unir os adeptos do Espiritismo e estruturar a atividade, tendo criado um movimento de espíritas sérios, longe do frívolo, mundano e sensacionalista.

Como é que Allan Kardec morreu?

Exausto, Allan Kardec morreu de um aneurisma em 1869. Na sua lápide, no cemitério de Père-Lachaise em Paris, pode ler-se: "Nascer, morrer, renascer e progredir sem cessar, tal é a Lei". Ainda hoje, muitas pessoas visitam o busto de Allan Kardec, que se diz ter o poder de conceder todos os desejos.

Muitos dos contemporâneos de Allan Kardec, entre os quais Victor Hugo, Napoleão III, Camille Flammarion e Arthur Conan Doyle, foram seduzidos pelo espiritualismo. Para eles, o espiritismo era a prova científica da vida após a morte.

Na sua lápide lê-se: "Todo o efeito tem uma causa, todo o efeito inteligente tem uma causa inteligente, o poder da causa é proporcional à grandeza do efeito".

A importância de Allan Kardec no Brasil

Por todo o mundo, muitas associações e centros espíritas têm o nome de Allan Kardec, e os seus ensinamentos ainda estão muito vivos na América Latina, sobretudo no Brasil. De facto, O Livro dos Espíritos foi traduzido para português e continua a ser um dos autores franceses mais lidos no Brasil. Neste país, o espiritismo tem um carácter religioso. Em 2018, o Brasil era um dos países com o maior número de espíritas.