Definição do Karma
O Karma tem exatamente o mesmo significado no Hinduísmo e no Budismo. É de certo modo, a totalidade de todas as repercussões das ações das nossas vidas passadas. Como a alma humana passa por um ciclo incessante de renascimento ou migração (Saṃsāra), é natural que todas as ações das vidas anteriores tenham repercussões neste momento.
A forma como “renascemos” e as respetivas condições dependerão, segundo a Lei Kármica, da qualidade ética das nossas ações passadas. Assim, as consequências de cada ação serão repercutidas nas “vidas futuras”.
De acordo com esta teoria, o homem torna-se naquilo que realiza, ou seja, as ações positivas de uma existência anterior melhoram as condições de vida da existência futura, enquanto que as más as agravam.
Cada um de nós determina assim, o seu próprio destino na sua vida futura. Além disso, nesta sucessão de vidas terrenas, o "atman" (alma individual) continua a ser a essência de cada indivíduo, apesar da total transformação do ser; representando assim, a continuação do “Eu” na migração das almas.
A doutrina do Saṃsāra e do Karma ajuda a explicar a organização das castas na sociedade indiana, pois é a Lei do Karma que irá determinar se se fará parte de uma ou outra casta. Entre duas existências, o homem pode permanecer no céu como uma divindade ou no inferno como um demónio e quando voltar à Terra, nascerá numa casta ou numa forma não humana.
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O Karma no Budismo
O Budismo não tem o caráter fatalista que lhe é normalmente atribuído, ou seja, o nosso destino não está somente intrínseco às nossas ações. Assim, devemos libertar-nos do nosso Karma para ao mesmo tempo nos libertarmos do “ciclo de renascimentos”. Para o conseguir, terá de respeitar certos princípios tais como:
- não sentir qualquer desejo;
- qualquer ódio;
- renunciar à ilusão da existência de um “Eu”.
O facto de se acreditar no Karma não significa que se tenha o total conhecimento do mesmo. A produção deste não está somente ligada ao acto em si, mas também à intenção de agir e respetivas consequências. Para sair do Saṃsāra e atingir o tão falado Nirvana, ou "o despertar", "sem nascimento, sem criação, sem condição" (que tanto procuram os Budistas mesmo sem o desejarem) é indispensável parar com a produção do Karma.
O Karma no Hinduísmo
Como já foi referido, o Karma é o reflexo das nossas ações nas vidas passadas que se manifestam na atual existência. Tal como os Budistas, os Hindus procuram sair do “ciclo dos renascimentos” fazendo a experiência de Moksha, "libertação", o equivalente Hindu do Nirvana Budista. Existem várias formas de conseguir, mas, são geralmente identificados três "caminhos" (mârga):
- Karma mârga ou "caminho da ação": consiste em respeitar as obrigações às quais somos submetidos/as pelo nosso nascimento. Para os Hindus, são as obrigações (dharma) relacionadas com a casta em que nasceram;
- Jñana mârga ou "caminho do conhecimento": rejeitar o materialismo ilusório do mundo, que esconde o verdadeiro conhecimento, a verdadeira sabedoria... Esta ilusão (mâyâ) afasta-nos da consciência; somente praticando o ascese e a meditação será possível elevarmo-nos acima dos desejos criados pelo mâya.
- Bhakti mârga ou "caminho de devoção": a forma mais popular que encoraja à identificação com uma divindade, frequentemente Râma ou Krishna.
Longe dos conceitos da nossa filosofia ocidental, esta crença no Karma significa que, se não conseguirmos concluir algo nesta vida, será na próxima. E isto, desde que se cumpram as obrigações associadas ao nascimento para assim, termos um "melhor nascimento"...
Além do Karma, o Dharma é um outro pilar essencial da filosofia indiana, sobretudo no Hinduísmo. Se o Karma é a ação e as suas consequências, o Dharma representa o dever moral, a ordem justa e o comportamento ético. É a lei universal na base da harmonia cósmica e que guia o indivíduo no caminho da virtude. No dia-a-dia de um hindu, o Dharma manifesta-se pelas responsabilidades e obrigações definidas pela sua posição na sociedade, na família e a situação na vida. Assim, o respeito do seu Dharma pessoal contribui para um bom Karma pois agir em função dos seus deveres é em si uma ação virtuosa.
No Budismo, apesar do Dharma ter um significado diferente, referindo-se aos ensinamentos do Buda, há uma ideia semelhante de viver de forma ética e de seguir o Nobre Caminho Óctuplo, a via que leva ao fim do sofrimento e ao despertar. Os praticantes do budismo integram os princípios do Karma na vida diária cultivando pensamentos, palavras e ações positivas e esforçam-se por perceber as razões por detrás das suas experiências para assim conseguirem transformar-se da melhor forma possível.
Conselho da redação: alinhar ações e pensamentos
O conceito do Karma convida a analisar as nossas ações e a influência que estas têm na nossa existência. Cada pensamento, cada palavra e ação contribuem a definir o nosso futuro, num diálogo profundo com o nosso destino. O Dharma, apela ao dever e ao lado ético, guia para uma vida em harmonia com as leis universais e a nossa própria essência. Perante estas reflexões é natural procurar o melhor caminho possível na sua vida. Para tal, saiba que um/a especialista poderá acompanhá-lo/a na procura de equilíbrio, tal como para esclarecer algumas situações mais sombrias no seu Karma.
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